Para Unafisco, crise demonstra necessidade de uma blindagem da Receita
da Folha Online
O presidente da Unafisco (Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil), Pedro Delarue, defendeu nesta quinta-feira a adoção da LOF (Lei Orgânica do Fisco) como forma de proteção da Receita Federal contra pressões externas.
"A crise demonstrou a necessidade de uma blindagem da Receita", disse Delarue em entrevista ao programa "Brasília Ao Vivo", da Record News.
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De acordo com o presidente do sindicato, o órgão necessita da Lei Orgânica como instrumento contra pressões econômicas ou políticas. "O auditor-fiscal não é um servidor público comum porque tem poder de decisão, por isso precisa de uma legislação específica", afirmou. "O auditor tem de ter a confiança de que agindo no interesse público ele está protegido", reiterou.
Delarue disse que essas garantias devem começar com o próprio cargo de secretário da Receita. "O secretário precisa ter um mandato e ser escolhido por meio de uma lista tríplice que vai lhe oferecer respaldo do corpo funcional."
O presidente do Unafisco afirmou ainda que, embora a crise tenha causado uma exposição excessiva da Receita, o lado positivo é que foi aberta uma boa oportunidade de se discutir a Lei Orgânica. "É importante agora que a casa chegue a um consenso sobre a matéria", disse.
Segundo Delarue, as mudanças no órgão ainda não terminaram. "Virão mais substituições. Sempre que o superior é substituído é natural que os cargos de chefia mais próximos também sejam substituídos", afirmou. Mas, segundo ele, "não há um ambiente de rebelião".
Exonerações
A Receita Federal publicou no "Diário Oficial" da União de hoje a exoneração de mais dois funcionários. A publicação aumenta a lista de funcionários exonerados ligados ao grupo da ex-secretária Lina Viera.
Luiz Tadeu Matosinho Machado, que já havia colocado seu cargo à disposição, deixa a coordenadoria-geral de Tributação.
O órgão também publicou a exoneração de Marcelo Ramos Oliveira da superintendência-adjunta da 10ª Região --RS. Oliveira também foi dispensado do encargo de substituto eventual do superintendente da Receita na 10ª Região.
A Receita nomeou para o lugar dele Ademir Gomes de Oliveira e o designou para exercer o encargo de substituto eventual do superintendente na 10ª Região.
Oliveira, no entanto, foi dispensado do mandato de julgador na Quinta Turma da Delegacia da Receita em Porto Alegre (RS).
Dos 12 funcionários da Receita Federal que colocaram os cargos à disposição na segunda-feira em protesto às exonerações de dois assessores ligados a Lina, nove já foram exonerados do órgão.
São eles: Altamir Dias de Souza (superintendente na 4ª Região --PE, PB, RN e AL), Dão Real Pereira dos Santos (superintendente na 10ª Região --RS), Eugênio Celso Gonçalves (superintendente na 6ª Região --MG), Fátima Maria Gondim Bezerra Farias (coordenadora-geral de Cooperação Fiscal e Integração), Henrique Jorge Freitas da Silva (subsecretário de Fiscalização), Rogério Geremia (coordenador-geral de Fiscalização), Marcelo Lettieri Siqueira (coordenador-geral de de Estudos, Previsão e Análise), Luiz Sérgio Fonseca Soares (superintendente na 8ª Região --SP) e Luiz Tadeu Matosinho Machado (coordenador-geral de Tributação).
Em carta enviada ao atual secretário da Receita Federal, Otacílio Cartaxo, os demissionários alegam que "os referidos fatos revelam uma ruptura no modelo de gestão, tanto no estilo de administrar, quanto no projeto de atuação do órgão".
Além dos citados, outros três funcionários da alta cúpula da Receita entregaram seus cargos, mas ainda não foram exonerados. São eles: Frederico Augusto Gomes de Alencar (coordenador-geral de Contencioso Administrativo e Judicial), José Carlos Sabino Alves (superintendente-adjunto na 7ª Região --RJ e ES) e Luis Gonzaga Medeiros Nóbrega (superintendente na 3ª Região --CE, MA e PI).
Há também servidores ligados ao grupo dos 12 que foram exonerados, mas que não assinaram a carta, como Odilon Neves Júnior, que era subsecretário de Gestão Corporativa, e Nelson Leitão Paes, coordenador-geral de Processos Estratégicos.